domingo, 22 de janeiro de 2012

"Se ensinares, ensina ao mesmo tempo a duvidar daquilo que estás a ensinar." Ortega y Gasset





" O mundo é o repertório das nossas possibilidades vitais. Não é, pois, algo à parte e alheio à nossa vida, mas é a sua autêntica periferia." José Ortega e Gasset


José Ortega y Gasset nasceu em Madrid, Espanha,  a 9 de maio de 1883. A família de sua mãe era proprietária do jornal madrilenho "El Imparcial" e seu pai jornalista e diretor desse mesmo diário.  Essa relação com o jornalismo foi essencial para o desenvolvimento de sua formação intelectual e seu estilo de expressão literária. Grande parte de seus escritos filosóficos foram produzidos a partir do contato com a imprensa. Ortega, além de considerado um dos maiores filósofos da língua espanhola também é lembrado como uma das maiores figuras do jornalismo espanhol do século XX. Cursou as primeiras letras em Madrid 
e cursou o bacharelado em um colégio jesuíta de Málaga. Embora reconhecendo o valor da educação jesuítica recebida, reagiu contra os  fundamentos da ciência adquirida, formulando um projeto pessoal de reforma da filosofia européia. Terminando os estudos em Málaga iniciou seus estudos universitários em Deusto e depois na Universidade de Madrid, onde se doutorou em Filosofia. Buscando uma formação intelectual mais sólida continuou seus estudos em Marburgo, na Alemanha, onde prevalecia o neokantismo. Com o desenvolver dos seus estudos, Ortega começou a adotar uma atitude crítica em relação aos seus mestres e a Kant, que se refletiu na afirmação: "Durante dez anos vivi no mundo do pensamento kantiano: eu o respirei como a uma atmosfera que foi, ao mesmo tempo, minha casa e minha prisão (...) Com grande esforço, consegui evadir-me da prisão kantiana e escapei de sua influência atmosférica". A partir de 1910 iniciou uma vida pública repartida entre a docência universitária e atividades políticas e culturais extra acadêmicas. Com o início da guerra civil espanhola, em julho de 1936, Ortega decidiu andar pelo mundo, viajando à França, Holanda, Argentina, Portugal, países onde proferiu inúmeras conferências, faleceu em Madrid no dia 18 de outubro de 1955.  José Ortega y Gasset foi um filósofo que viveu os problemas de seu tempo e se preocupou com o destino da Espanha, que, em sua época, encontrava-se fragmentado, dividido e semeado por vários problemas sociais e políticos, que o impediam de acompanhar o desenvolvimento das outras nações européias. Para enfrentar esses problemas, Ortega pensou em uma solução sob à luz de uma teoria da realidade, que ele elaborou e que se tornou conhecida como raciovitalismo. Essa teoria centrava-se no conceito de vida experimentado na primeira pessoa. Com a  frase:  "Eu sou eu e minha circunstância", Ortega particulariza os problemas de cada homem. Com a continuação desta mesma frase:  "Se não salvo a ela (circunstância) não salvo a mim", o filósofo indica que o homem pode mudar a sua vida, transformando a realidade em que vive, e se não fizer nada, afunda-se na circunstância e não dá sentido à sua própria vida. Formulando um pensamento diferente do realismo antigo e do idealismo moderno, Ortega afirma que não podemos pensar o mundo sem o Homem e nem este à parte do mundo. Ao abrir a compreensão da existência para um diálogo com a cultura e com o tempo, Ortega nos fala da responsabilidade com o  mundo a ser criado por nossas vidas, sua filosofia contempla  a responsabilidade de construir uma existência pessoal num mundo sem garantias e perigoso, numa história sem sentido prévio. Viver é abrir-se ao contato com os outros homens e com  as coisas,  é sair de  si mesmo, é arriscar-se  na construção do futuro. A filosofia de Ortega constituiu-se como uma forma inovadora de pensar, colocando o fundamento na vida e transformando-a numa realidade capaz de alterar as circunstâncias e realizar a vocação de cada Homem. Para Ortega, os problemas sociais e políticos encontrados na Europa, do seu tempo,  seriam causados  pela padronização do comportamento que forma a  massa social. O que o preocupava era o Homem não se comprometer com sua vocação ou missão.O Homem-massa, como ele  tratava as pessoas com esse tipo de comportamento, é o indivíduo que não atribui a si  um valor e, certamente, não se angustia com  isso, sente-se bem por ser igual aos demais. Dessa forma, o problema social constitui-se em um aglomerado de homens sem a preocupação de discutir os rumos políticos da sua nação e, desorganizados, constituírem blocos. Esse distanciamento dos  homens dos assuntos  políticos fez nascer lideranças demagogas. Esse acontecimento é o que Ortega chama de hiperdemocracia das massas assim compreendido: quem não for como todo mundo, quem não pensar como todo mundo, correrá o risco de ser eliminado. Essa hiperdemocracia é a imposição das massas quanto aos seus gostos, que muitas vezes estão vinculadas a pressões materiais, e ao desejo de  poder sem o reconhecimento de leis, sem se preocuparem com a vida. O conceito de massa explica as dificuldades da sociedade contemporânea em se firmar como sociedade. Um dos sintomas mais evidentes da hiperdemocracia é o propósito das massas de fazer justiça por seus próprios meios. Ela recorre ao linchamento sem o reconhecimento das leis que asseguram a paz. Ortega  verifica que, quando as massas triunfam, reina também a violência. Para controlar a violência das  massas, nasce o Estado Ditatorial.  O Homem-massa não se preocupa com sua civilização, sua cultura e sua educação, que são os caminhos que ele tem para sair da vulgaridade. O resultado dessa situação é fatal para a vida humana porque os homens passam a viver em função do Estado, esta seria a razão dos governos totalitários haverem se espalhado em todo o mundo.  Segundo Ortega, o Homem-massa perdeu a responsabilidade e o sentido de uma vida que é única.


Site de referência:

http://www.culturabrasil.org
www.ortegaygasset.edu

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