"Todas as coisas são possíveis" Chestov.
Chestov afirmava que todas as decisões do homem são somente por ele tomadas. A existência precede a essência, ou seja, os fatos ou realizações da vida não são fruto de pré-estabelecimentos ideais ou divinos. O homem de hoje é fruto de suas decisões passadas, podendo desfrutar de plena liberdade de escolha, porém a liberdade pode estar ameaçada pela própria racionalidade humana, a partir do momento que ele é impedido de projetar-se ao Absurdo. Vê-se o Absurdo como o ilógico e indecifrável. Afirmar a existência de uma realidade extra-racional é afirmar o Absurdo. Logo, Deus é o absurdo e aquele que não o reconhece é escravo da razão. O homem livre é aquele que se projeta a Deus. Projetar-se a Deus não consiste na busca de melhor compreendê-lo ou classificá-lo, mas aceitá-lo como Absurdo. “No termo das suas análises, Chestov descobre o Absurdo fundamental de toda existência, não diz “eis o Absurdo”, mas “eis Deus”: é nele que se deve confiar, mesmo que ele não corresponda a nenhuma das categorias racionais que se possa ter. O homem racional somente consegue segurança existencial diante das convicções lógicas, plausíveis. Ele possui a necessidade da racionalização de sua realidade. O homem da fé está convicto da impossibilidade de se compreender Deus, e é diante dessa impossibilidade que ele se projeta a Deus pela fé. Deus é contraditório e incompreensível, mas está na medida em que o seu rosto é mais indescritível que mais se afirma seu poder. A sua grandeza é a sua inconseqüência ou não previsibilidade, ou seja, para que o homem mergulhe em Deus, é necessário a irracionalização de Deus. Para Chestov a aceitação do Absurdo é contemporânea ao próprio Absurdo: Deus. Camus escreveu sobre Chestov em “O Mito de Sísifo”:
“Nenhum dos fatos irônicos ou ridículas contradições que depreciam a razão escapam a ele. Apenas uma coisa o interessa, e é a exceção, seja no domínio do coração ou da mente. Através das experiências dostoiveskianas do homem condenado, das exacerbadas aventuras da mente nietzscheana, das maldições de Hamlet ou da amarga aristocracia de Ibsen, ele persegue, ilumina e magnifica a revolta humana contra o Irremediável.” Em 1936 visita Jerusalém, onde seu pai estava enterrado. A experiência foi definitiva para Chestov, e os reflexos dela forneceram o material para sua obra definitiva: "Atenas e Jerusalém", lançado em 1937, um ano antes de sua morte. Nessa obra, Chestov caracteriza Atenas, berço da filosofia e da civilização ocidental, como a cidade do triunfo da Razão e do Cientificismo; em oposição a ela, Jerusalém, a cidade espiritual que viu a encarnação do Deus Vivo. Atenas também é a cidade da Queda, tema que obssessivamente Chestov perseguiu durante toda a sua vida e que, igualmente, seduziu a Cioran: para ele, o mito de Adão representava a opção do homem em trocar a Fé pelo Conhecimento. Comendo o fruto da Árvore da Ciência, pecado que todos os homens repetem sem cessar, abre-se mão da liberdade primordial pela angústia da Consciência e da Razão. Para Chestov, A filosofia, longe de conduzir o homem ao conhecimento da Verdade, nada mais faz do que pegá-lo pela mão e levá-lo através de um caminho de mentiras, de conhecimentos falsos, de pretensões seculares; concede facilidades ao espírito e apenas isso, através daquilo que Chestov denomima verdades autoevidentes. Já a Fé, exige muito mais – a disposição para crer, para simplesmente acreditar em algo que não se pode provar por leis racionais, exige do homem, segundo Chestov, uma audácia que os modernos já não mais possuem, incapazes que estão de vislumbrar qualquer elemento que não se encaixe na lógica racional. Este é o principal mote de" Atenas e Jerusalém": acreditar é tão sem sentido que Deus só pode ser crível se experimentado como um absurdo. Escapa aos julgamentos, escapa até mesmo à linguagem. A vida em si se torna uma experiência que não se limita às categorias racionais; o cotidiano repetir de eventos, apenas um tedioso movimento.
“Nenhum dos fatos irônicos ou ridículas contradições que depreciam a razão escapam a ele. Apenas uma coisa o interessa, e é a exceção, seja no domínio do coração ou da mente. Através das experiências dostoiveskianas do homem condenado, das exacerbadas aventuras da mente nietzscheana, das maldições de Hamlet ou da amarga aristocracia de Ibsen, ele persegue, ilumina e magnifica a revolta humana contra o Irremediável.” Em 1936 visita Jerusalém, onde seu pai estava enterrado. A experiência foi definitiva para Chestov, e os reflexos dela forneceram o material para sua obra definitiva: "Atenas e Jerusalém", lançado em 1937, um ano antes de sua morte. Nessa obra, Chestov caracteriza Atenas, berço da filosofia e da civilização ocidental, como a cidade do triunfo da Razão e do Cientificismo; em oposição a ela, Jerusalém, a cidade espiritual que viu a encarnação do Deus Vivo. Atenas também é a cidade da Queda, tema que obssessivamente Chestov perseguiu durante toda a sua vida e que, igualmente, seduziu a Cioran: para ele, o mito de Adão representava a opção do homem em trocar a Fé pelo Conhecimento. Comendo o fruto da Árvore da Ciência, pecado que todos os homens repetem sem cessar, abre-se mão da liberdade primordial pela angústia da Consciência e da Razão. Para Chestov, A filosofia, longe de conduzir o homem ao conhecimento da Verdade, nada mais faz do que pegá-lo pela mão e levá-lo através de um caminho de mentiras, de conhecimentos falsos, de pretensões seculares; concede facilidades ao espírito e apenas isso, através daquilo que Chestov denomima verdades autoevidentes. Já a Fé, exige muito mais – a disposição para crer, para simplesmente acreditar em algo que não se pode provar por leis racionais, exige do homem, segundo Chestov, uma audácia que os modernos já não mais possuem, incapazes que estão de vislumbrar qualquer elemento que não se encaixe na lógica racional. Este é o principal mote de" Atenas e Jerusalém": acreditar é tão sem sentido que Deus só pode ser crível se experimentado como um absurdo. Escapa aos julgamentos, escapa até mesmo à linguagem. A vida em si se torna uma experiência que não se limita às categorias racionais; o cotidiano repetir de eventos, apenas um tedioso movimento.
Site de referência:
http://existencialismo.sites.uol.com.br/chestov.htm
Referências bibliográficas:
Todas as coisas são possíveis, trans. por SS Koteliansky, introd. por DH Lawrence, Londres: Martin Secker, 1920, 244p.
Dostoiévski, Tolstoi e Nietzsche, traduções por Bernard Martin e E. Spencer Roberts, introd. por Bernard Martin, Athens (EUA): Ohio University Press, 1969
Dostoiévski, Tolstoi e Nietzsche, traduções por Bernard Martin e E. Spencer Roberts, introd. por Bernard Martin, Athens (EUA): Ohio University Press, 1969
Atenas e Jerusalém, trans. por Bernard Martin, Atenas: Ohio University Press, 1966, 447p.
Kierkegaard ea filosofia existencial, trans. por Elinor Hewitt, Athens (EUA): Ohio University Press, 1969, 314p.
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