Edmund Husserl nasceu em Prossnitz, na Morávia, no antigo Império Austríaco, em 8 de abril de 1859, Judeu de origem rica, completou os primeiros estudos em um ginásio público alemão, na cidade próxima Olmütz (1876), estudou física, matemática, astronomia e filosofia nas universidades de Leipzig, Berlim e Viena. Husserl casou-se com Malvine Steinschneider, passou em um concurso para professor na universidade de Halle e após ensinar também na Universidade de Göttingen, foi nomeado professor titular da Universidade de Freiburg, na Alemanha, onde permaneceu até se aposentar em 1928, continuou morando em Freiburg até falecer em 27 de abril de 1938. Na raiz do pensamento de Husserl encontram-se influências de Franz Brentano, da escolástica, de Bernard Bolzano, de Descartes, de Leibniz, do empirismo inglês e de Immanuel kant. Um dos principais objetivos de Husserl era o de tornar a Filosofia uma ciência de rigor, para isso, a princípio, tenta combinar matemática com a filosofia empírica, seu objetivo com isso seria contribuir no fornecimento de fundações sólidas para as ciências, em especial a matemática. Outro elemento importante nas ideias de Husserl é a noção de intencionalidade, que define a forma essencial dos processos mentais. Em uma definição simples, a ideia da intencionalidade de Husserl significa que a principal característica da consciência é de ser consciência de alguma coisa, assim, todo ato mental tem seus conteúdos caracterizados por sua direção a um objeto (objeto intencional), toda crença e todo desejo, por exemplo, tem necessariamente seus objetos que são o desejado e o acreditado. Alguns anos após a publicação de sua principal obra "Investigações Lógicas", Husserl elaborou alguns conceitos-chave que o levaram a afirmar que para estudar a estrutura da consciência seria necessário distinguir entre o ato de consciência e o fenômeno ao qual ele é dirigido. O conhecimento das essências seria possível apenas se colocássemos entre parênteses todos os pressupostos relativos à existência de um mundo externo. Este procedimento ele denominou "epoché". Estes novos conceitos deram origem a um novo livro chamado "Idéias" publicado em 1913, a partir desse livro, Husserl se concentrou nas estruturas ideais, essenciais da consciência, propôs que o mundo dos objetos e os modos nos quais nos dirigimos a eles são normalmente concebidos dentro do que ele denominou “ponto de vista natural”, caracterizado por uma crença de que os objetos existem materialmente e exibem propriedades que vemos como suas emanações. Husserl achava que os filósofos estavam complicando a teoria do conhecimento, em lugar de considerarem com objetividade o fenômeno da consciência como é experimentado pelo homem. O que importava, para ele era o que se passava na experiência de consciência, através de uma descrição precisa do fenômeno. Por isso deu o nome de "Fenomenologia" à sua teoria que deveria ser uma ciência puramente descritiva, para somente depois passar para uma teoria transcendental à experiência, o seja, para além do método cientifico. Husserl propôs um modo fenomenológico radicalmente novo de observar os objetos, examinando de que forma, nós, em nossos diversos modos de ser, intencionalmente nos dirigimos a eles, e, de fato, os “constituimos”. Do ponto de vista Fenomenológico, o objeto deixa de ser algo simplesmente “externo” e passa a ser visto como fonte de indicações sobre o que ele é, torna-se um agrupamento de aspectos perceptivos e funcionais que implicam um ao outro sob a ideia de um objeto particular. A noção de objeto real não é removida pela fenomenologia, mas posta entre parênteses, como um modo pelo qual o levamos em consideração. Para melhor entender o mundo das aparências e objetos, a Fenomenologia busca identificar os aspectos invariáveis da percepção dos objetos e empurra os atributos da realidade para o papel de atributo do que é percebido. Em um período posterior, Husserl começou a se preocupar com as complicadas questões da intersubjetividade, e experimentou novos métodos para fazer entender, aos seus leitores, a importância da Fenomenologia para a investigação científica, especificamente para a psicologia, e o que significa “pôr entre parênteses” a atitude natural. "A Crise das Ciências Européias" foi o livro inacabado de Husserl que lida mais diretamente com estas questões, nele, Husserl pela primeira vez busca um panorama histórico do desenvolvimento da filosofia ocidental e da ciência, enfatizando os desafios apresentados pela sua crescente orientação empírica e naturalista. Husserl declara que a mente possui sua própria realidade, independente de qualquer base física. Como resultado da legislação anti-semita aprovada pelos nazistas em abril de 1933, foi negado ao Professor Edmund Husserl o acesso à biblioteca de Freiburg. Seu antigo pupilo e membro do partido nazista, Martin Heidegger, comunicou a sua demissão junto às pesquisas existencialistas e afastou-se do mestre, além disso, retirou a dedicatória que fez à Husserl em seu mais conhecido trabalho "Ser e Tempo", quando este foi reeditado em 1941. Em 1939, os manuscritos de Husserl, que somavam aproximadamente 40.000 páginas e sua pesquisa bibliográfica completa foi clandestinamente transportada para a Bélgica e depositada em Leuven onde foram criados os Husserl-Archives.
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